quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Profissionais do Mais Médicos começam a atender em Fortaleza

A diarista Socorro Souza dos Santos, de 46 anos, elogiou o atendimento feito por Isaías Arcanjo na Vila Manoel Sátiro

O missionário (e médico) Isaías Arcanjo é um dos 15 profissionais que começaram a atender em Fortaleza pelo programa federal
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FÁBIO LIMA



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Isaías Arcanjo plantou ontem uma semente dividida em 22 partes. Praticante do preceito da profissão como missão, o médico que já passou por vários interiores do Brasil, atendendo quem precisa, começou ontem a trabalhar na Unidade de Atenção Primária da Saúde (Uaps) Viviane Benevides, na Vila Manoel Sátiro, Regional V.

O mineiro é um dos 15 profissionais do programa Mais Médicos que realizaram os primeiros atendimentos nesta quarta-feira em Fortaleza. No caso de Isaías, foram 22 os perguntar-ouvir-tocar-auscultar - todos mediados por simpatia e sorrisos. Elementos que, para ele, fazem parte da missão. “Se todo médico a gente pudesse conversar assim… E tem que ser assim. Porque você chegar num consultório e pegar um médico abusado ninguém merece”, elogiou Socorro Souza dos Santos, 46, a última paciente do primeiro dia de serviço. A diarista já nem lembrava quando visitara pela última vez um médico. Na consulta, constatou que o coração está pronto para se apaixonar - como definiu o médico.

“Trabalhar no SUS (Sistema Único de Saúde) tem que ser uma escolha missionária. E Medicina tem que ser sacerdócio. Não pode ser simples ganho de vida nem ganho mercadológico”, ensina Isaías, que atuou também pelo Programa de Valorização dos Profissionais na Atenção Básica (Provab), também federal.

Antes de chegar a Fortaleza, o médico morava em Aracaju. “Trabalhava no Hospital de Urgência de Sergipe. Cheguei lá, tinha 36 crianças com fratura precisando de cirurgia e não tinha quem fizesse. Eu pedi licença pro diretor pra olhar as crianças, operei e fiquei lá um tempo”, relembra. Além de Minas Gerais e de Sergipe, trabalhou em cidades da Bahia. Era da baiana Itajuípe, inclusive, o jaleco vestido ontem pelo médico. Não havia um com o nome “Fortaleza” bordado para ele usar.

Desafios

As faltas na infraestrutura são desafio para a atuação no programa Mais Médicos, diz Isaías. Nebulizador, por exemplo, não tem na Uaps Viviane Benevides. Nem prontuário dos pacientes. “O serviço precisa ter visão de acompanhamento horizontal. Não existe também um contato com os outros serviços”, comentou o médico, referindo-se a unidades da atenção secundária e ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Além disso, é preciso, para ele, uma mudança de cultura no trato paciente-médico. “Achei as pessoas mais agressivas. Talvez seja necessidade de ser agressivo e achar que conquista as coisas na força. Quando, na verdade, quem sentar comigo vai ver que é diferente. A forma de eu abordar as pessoas é mais light, mais alegre”, reconhece.

A família do médico deve se mudar, em breve, para Fortaleza. Os Arcanjos mineiros ficarão enquanto a missão do patriarca for válida. “Se não for para ajudar não dá certo, aí eu não posso ficar. Porque certas coisas são básicas. Se não der, a gente junta as malas, olha pra Deus e pergunta: tem mais algum lugar aí? Amazonas, Amapá, Roraima, Goiás… Onde jogue a semente e ela possa brotar. É por isso que eu participo desses programas”.

ENTENDA A NOTÍCIA

Profissionais brasileiros são os primeiros a atuar no programa Mais Médicos. Em Fortaleza, são 15 trabalhando nas Regionais III e V. Todos recebem bolsa no valor de R$ 10 mil (líquido), além de moradia e alimentação.

Serviço
Programa Mais Médicos
Saiba mais sobre o programa do Governo Federal:is.gd/lW00hW

Saiba mais

Cinco profissionais começaram, ontem, a atender pelo programa Mais Médicos em Juazeiro do Norte, no Cariri.
 Segundo a assessoria de comunicação da prefeitura de Juazeiro do Norte, os profissionais atuarão em unidades de saúde dos bairros João Cabral, Franciscanos, Salesianos e Frei Damião.
 Os médicos são de Juazeiro do Norte.

http://www.opovo.com.br/app/opovo/cotidiano/2013/09/05/noticiasjornalcotidiano,3123783/profissionais-do-mais-medicos-comecam-a-atender-em-fortaleza.shtml

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